OS BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DO CORE PARA ESCALADORES Por MICHEL DE SOUZA BISPO

OS BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DO CORE PARA ESCALADORES
MICHEL DE SOUZA BISPO
RESUMO
O presente trabalho tem por finalidade a junção de definições e aplicabilidade sobre o Treinamento Funcional, Core Training e Escalada; promovendo melhorias acadêmicas na propagação de conhecimentos e desenvolvimento dos treinos. Ressalto a importância e propriedade do profissional, na condução dessas atividades, pois ambas são grandes ferramentas que influenciam diretamente na qualidade de vida e desenvolvimento dos praticantes.
PALAVRAS CHAVE: Treinamento Funcional, Core Training e Escalada.
ABSTRACT
This paper aims to join definitions and applicability of the Functional Training, Core Training and climbing; promoting academic improvements in the spread of knowledge and development from training. I emphasize the importance and property professional in the conduct of these activities, because both are great tools that directly influence the quality of life and development practitioners.
KEY WORDS: Functional Training, Core Training and climbing.
INTRODUÇÃO
De alguns anos atrás até os dias presentes o mundo fitness está em alta, o treinamento tanto para os músculos do core (core training) quanto para a melhora da capacidade funcional dos indivíduos interessados em melhora da qualidade de vida; praticantes do esporte e profissional do exercício. A contribuição será pelos profissionais de educação física que atuam, ou pretendem atuar nesse campo, fazendo com que seus alunos melhorem sua estrutura corporal atingindo esse controle por meio de movimentos específicos, equilíbrio e execução do mesmo, resultando assim no aprimoramento de suas atividades1.
A escalada tanto quanto o homem vêm progredindo em sua técnica e movimentos, com o objetivo de melhorar o desempenho sob os aspectos de força, concentração, equilíbrio, e resistência. No caso da escalada, o treinamento do core favorece um tempo maior em determinadas posições, alcançando de maneira eficaz os resultados esperados; pois cientificamente há três razões para se treinar escalada: primeiro é superar o platô de desempenho (área de planície elevada), segundo não se lesionar e terceiro obter resultados rapidamente2. O objetivo deste trabalho é melhorar o desenvolvimento no treino de escalada tanto pessoal quanto profissional, no treino dos alunos exercitados cotidianamente ou esporadicamente, a fim de manter uma progressão continuada dos treinos e na evolução da escalada fortalecendo as estruturas corporais.
TREINO FUNCIONAL (TF)
A estrutura corporal é composta por células, músculos, articulações, pele, sendo que cada movimento corresponde a determinado conjunto para assim realizar suas funções; todas essas com o comando do Sistema Nervoso Central (SNC) que tem como função receber e processar informações por meio dos sentidos (audiçãovisãoolfatopaladar e tato) e é dele que partem os comandos destinadas aos músculos e glândulas3.
O (TF) possui objetivos diversos, sendo o principal controlar o corpo humano por meio de movimentos específicos atingindo o equilíbrio e execução de movimentos fundamentais aprimorando-os, sendo eles (empurrar, puxar, agachar, girar, lançar, dentre outros), envolvendo a integração do corpo todo para gerar um gesto motor específico em diferentes planos de movimento, envolvendo especificamente o sistema musculoesquelético, sem abrir mão do aperfeiçoamento do sistema sensório-motor e proprioceptivo4.
(TF) é a ação de treinar em cuja execução se procura atender antes de tudo, à função, ao fim prático. Ou ainda, a ação de treinar para aprimorar as funções vitais. Ser considerado independente funcional é ter capacidade e habilidade de realizar as atividades simples do cotidiano com eficiência, autonomia, independência e com baixo risco de lesões. Cabe ressaltar que há um treinamento proposto para cada individuo, respeitando assim a particularidade, sob princípios éticos, biológicos trazendo os benefícios desejados pelo praticante.
Assim, o (TF) apresenta propósitos específicos, geralmente reproduzindo ações motoras que serão utilizadas pelo praticante em seu cotidiano, seja esportivo, laboral ou pessoal 5, 6, 7, 8 e, para isso, utiliza-se de exercícios que possam afetar direta ou indiretamente a realização de movimentos necessários para as atividades cotidianas 9, 10.
(TF) é aquele que é rigorosamente específico (semelhante) às atividades da vida cotidiana ou esportivas ou o mais multiarticular, multimuscular, multiplanar11, 12 e estimulador de capacidades sinestésicas possíveis.
(TF) é o treinamento com característica específica para execução do movimento (e/ou função) o qual se pretende melhorar.
Conceitos de (TF) apresentados no tópico anterior apresentam uma relação próxima com o princípio da especificidade (semelhança dos exercícios às situações cotidianas ou esportivas) e a instabilidade está presente nas situações cotidianas e esportivas13, a utilização da instabilidade no treinamento parece acordar com a especificidade requerida.
Quanto ao (CT), o uso da instabilidade também parece ser interessante para potencializar a ativação da musculatura, principalmente dos músculos locais.
No entanto, em condições instáveis, o desenvolvimento da força e potência musculares ficam prejudicados. Afirmam, em uma meta-análise, que o desempenho agudo de força diminui, em média, 29,3% em condições instáveis, quando comparado à estabilidade14.
CORE TRAINING (CT)
Core Training (CT) um treinamento designado especificamente para desenvolver a musculatura da região central do corpo (abdominal, lombar, pelve e quadril) e torná-la estável15, sendo o objetivo gerar a estabilidade necessária para evitar o aparecimento de lesões ou, ainda, auxiliar no desempenho de atividades relacionadas à performance, principalmente, através do desenvolvimento da força e potência musculares. Os primeiros conceitos básicos a respeito do assunto começaram a ser definidos nas décadas de 80 e 90 em pesquisas extremamente importantes para o entendimento das dores e lesões na região lombar utilizando exercícios que estimulassem o tronco e quadril 14, 16, 17.
 O core é composto por 29 pares de músculos do tronco, pélvis e quadril. Suas principais funções são manter o alinhamento, favorecer a base de suporte do corpo, prevenir lesões e gerar força. E, caso a estabilidade seja falha, deve ser treinado em primeiro lugar 5, 18.  O core é composto por músculos globais e músculos locais. Enquanto os locais geram a estabilização, os globais auxiliam o corpo a executar movimentos específicos7.
Os músculos do core são classificados como globais e locais. Os músculos locais seriam os responsáveis por gerar a estabilização antes de o movimento ocorrer. Eles são recrutados milésimos de segundos antes dos globais. Já os globais, por sua vez, seriam recrutados após os locais terem gerado a estabilização necessária das estruturas não contráteis para que o movimento ocorra com eficiência e sem dor, sendo os responsáveis pelo auxílio na realização das atividades cotidianas 1, 19. A bola oferece uma superfície instável que desafia os músculos do core, principalmente os locais, melhorando a estabilidade, equilíbrio e propriocepção. Os autores, entretanto, afirmam que a utilização deste material não é indicada para o aumento da força do core limitando-se apenas a desenvolver a estabilidade. Outros estudos20, 21 também confirmam esses achados comprovando que o (CT) é ferramenta de grande importância para melhora da qualidade de vida e saúde devendo ser realizado, em média, de duas a três vezes por semana e sempre antes do (TF)22. Porém, exercícios estáveis também podem ser utilizados como meio para (CT). Ainda dentro do conceito de estabilidade, citam exercícios isométricos realizados em superfícies estáveis como a prancha lateral, prancha ventral e o quadrúpede com elevação alternada de braços e perna como boas opções para treinamento4. Os autores citam que, de acordo com o nível de condicionamento do praticante, os exercícios estáveis devem preceder os instáveis, pois facilitam a aprendizagem, além de possibilitarem boa ativação muscular.
Embora a origem da inervação de um músculo seja única, a plasticidade do sistema nervoso pode permitir certa independência com relação aos diferentes 17 ramos nervosos terminais que dão a ordem de contração da musculatura.
Um abdome forte e saudável é fundamental, não somente para incrementar o rendimento esportivo, mas também, para a melhora da saúde de qualquer pessoa, incidindo nos planos funcionais, fisiológicos e psicológicos daqueles que aplicam com rigor e inteligência os exercícios adequados para trabalhar esses importantes músculos. Os abdominais cumprem entre outras funções, as de proteção, fixação, estabilização, transmissão, potencialidade etc., todas fundamentais na vida do ser humano e na fonte de otimização dos recursos motrizes que os diferentes especialistas esportivos necessitam. A importância da musculatura abdominal bem tonificada vêem que juntamente com a lombar essa musculatura apresenta entre outros os seguintes aspectos:
• Absorve as forças resultantes dos impactos produzidos pelos saltos, rebotes ou exercícios pliométricos, ao mesmo tempo em que potencializa e garante o sucesso desse tipo de ação;
• Estabiliza o corpo de modo que as extremidades inferiores e superiores possam realizar qualquer tipo de movimento tendo o tronco como suporte;
• Forma uma cadeia muscular transmissora de forças entre as pernas e os braços;
• Proporciona pressão intra-abdominal, que mantém a musculatura abdominal estável e reduz o estresse na zona lombar;
• Ajuda a manter as vísceras na sua posição prevenindo possíveis patologias, derivadas de um desenvolvimento errôneo dessa musculatura (por exemplo: incontinência urinária de esforço, prolapsos ou disfunções sexuais);
• Colabora na manutenção da postura corporal.

ESCALADA
 História da Escalada
Historicamente, frequentar as montanhas é uma atividade que o homem desempenha desde a pré-história.
Ao longo dos tempos, a montanha tem sido de grande influencia na vida do homem em diversos aspectos, dentre eles geográfico, mítico ou funcional.
Visto na história que a Cordilheira dos Alpes é considerada o berço do montanhismo, a primeira escalada a um dos picos alpinos foi no Monte Aiguille, em território francês, por Antoine de Ville, que realizou uma verdadeira escalada sobre rochas. Tal fato ocorreu em 1492 causando enorme furor na época. Alguns escaladores ainda chamam escalada de alpinismo, até o início da década de 1990 era assim que eram chamados todos os tipos de escalada 23, 24.

História no Brasil
 No Brasil a escalada surge em meados de 1914 após uma equipe francesa de escaladores tentarem escalar os 300m de rocha do Dedo de Deus - Teresópolis (região serrana do Rio de Janeiro) . Em 1914 o Pico do Dedo de Deus foi "conquistado", o grupo de escaladores de Teresópolis era composto por: ferreiro José Teixeira Guimarães, o caçador Raul Carneiro e pelos irmãos Acácio, Alexandre e Américo Oliveira, eles contaram com a preciosa colaboração do menino João Rodrigues de Lima, que percorria diariamente a longa subida até a base da escalada, levando comida para o grupo23.

Equipamentos Básicos da Escalada
Corda dinâmica, cadeirinha (baudrier), capacete, sapatilha, mosquetão com trava, frios, fitas e costuras24, 25.
A Escalada é uma atividade que exige um domínio de várias capacidades como: coordenação, flexibilidade, equilíbrio, força e resistência. Por esses motivos um treinamento especializado deve ser feito por quem pretende evoluir24. Pois de forma científica há três boas razões para se treinar escalada a primeira é superar o platô de desempenho (área de planície elevada), segundo não se lesionar e terceiro obter resultados rapidamente, porém o que se tem observado é o oposto, escaladores lesionados e estagnados em um determinado nível sem maiores evoluções2.
Os exercícios visam à preparação e o desenvolvimento harmônico do organismo, criando uma base funcional para o desporto.
E quando se fala em exercícios os de resistência tem uma atenção maior, pois oferece um desempenho gradual na escalada, exercícios com pesos externos, peso corporal, musculação, escada negativa de treinamento, cordas fixas, assim bem como os preparatórios específicos exercícios de resistência treinados em campus board, finger board e variações de bolderes1, 19. Na escalada o balanceamento entre o equilíbrio e a aplicação de força tem muita importância, e a maior parte do esforço na escalada em paredes de alto grau de inclinação é o exercido pelos membros superiores sobrecarregando as articulações. Noé et al.17, mostra que a utilização da força para a manutenção do equilíbrio em situações de inclinação mudam as formas de utilização dos apoios exigindo controles motores diferenciados em cada situação, significando que mais estabilidade gera menos desgaste físico26. Além disso, há necessidade de controle motor do tronco que é conseguido pela musculatura do abdômen e costas 27, 28.
Pensando em variações de treinos, treinar em tipos e formas de agarras que tenham uma maior variabilidade possível de exigências motoras e uma exposição de estímulo de segurar com diferentes tipos de atritos melhorando até a sensibilidade e textura da epiderme da mão do escalador; enfim com tudo isso é relevante melhorar além da força muscular dos membros superiores o fortalecimento das articulações, tendões, polias dos dedos das mãos, a fim de atuarem na aplicação de força na necessidade de sustentar o corpo em longos períodos que é bastante exigido na escalada 5, 24, 29.
DISCUSSÃO
A ação de treinar é para aprimorar as funções vitais e se considerar independente e funcional, tendo a capacidade e habilidade de realizar as atividades cotidianas com autonomia e independência, levando em consideração as particularidades de cada indivíduo4 e um treinamento específico para desenvolver a musculatura da região central do corpo mais conhecida como core que envolve o abdômen, lombar, pelve e quadril a fim de torna-la mais estável30, com o objetivo de gerar a estabilidade para evitar o aparecimento de lesões e ainda auxiliar nas atividades relacionadas proporcionando um melhor desenvolvimento na atividade de escalada através do desenvolvimento de força e potência muscular, levando em consideração que o abdômen é de fato uma das musculaturas mais importantes para manter o core. A Musculatura abdominal juntamente com a lombar proporcionam vários benefícios, absorvem as forças de impactos, proporcionam estabilidades tendo o tronco como suporte, forma uma cadeia muscular que transmite força entre pernas e braços, mantem a musculatura do próprio abdômen reduzindo o estresse na zona lombar, colabora na manutenção da postura corporal dentre outras. A utilização da força para a manutenção do equilíbrio em situações de inclinação muda as formas de utilização dos apoios exigindo controles motores diferenciados em cada situação, significando que mais estabilidade gera menos desgaste físico.
CONCLUSÃO
Após análise das definições encontradas em pesquisa, conclui-se que o (TF) é aquele que objetiva o desenvolvimento integrado das capacidades físicas promovendo a melhora da habilidade e capacidade funcional para realização das funções cotidianas e/ou esportivas com autonomia e segurança, sendo baseado na aplicação prática dos princípios biológicos do treinamento físico, em especial, o princípio da especificidade.
Já, o (CT) é aquele direcionado ao aprimoramento da força e estabilidade - habilidade do corpo de controlar toda a amplitude de movimento de uma articulação, sem criar deformidade, déficit neurológico ou dor incapacitadora dos músculos da região central do corpo.
A escalada é uma atividade praticada há muitos anos, evoluindo nessa descoberta junto com homem, uma vez que há conhecimento de seus próprios limites e respeito a meio onde esta acontece, vencendo quase sempre os seus próprios medos, resolvendo problemas que encontra pelo caminho dedicando-se aos treinos e progredindo respeitando o próprio corpo, pois o preparo para esta atividade é fundamental devido os grandes esforços exigidos pela modalidade, e o core é de fato importante na evolução do treinamento atuando na construção do interior para as extremidades fortalecendo de uma forma gradual a estrutura corporal para um melhor empenho e desempenho das atividades24, 31.
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