HIGHLINE: FALANDO SOBRE MEDO
Faculdades Metropolitanas Unidas
Dimitri Wuo Pereira
Universidade Nove de Julho
O
slackline é uma modalidade de andar
sobre uma fita mantendo o equilíbrio. Sua vertente mais radical é o highline, que consiste em montar esta
fita numa altura superior a 10 metros. Esta atividade está cada vez mais
ganhando adeptos, pois proporciona um desafio de controle corporal e de auto
superação. O objetivo desta pesquisa foi verificar como os participantes de um
evento de highline enfrentam o medo. Foi
realizada uma pesquisa descritiva com 48 participantes, 25 mulheres e 23
homens. Todos assinaram o TCLE e responderam a uma entrevista semiestruturada, com
as seguintes perguntas: Você tem medo de altura? Qual sua maior dificuldade no highline? Como você percebe sua
respiração? A análise foi feita na perspectiva da complexidade de Edgar Morin. 25
sujeitos afirmam ter medo de altura, destes 17 são do sexo feminino, com apenas
8 homes dizendo sentir medo. Daqueles que afirmam não ter medo, 2 sujeitos não
responderam as perguntas seguintes, ficando sem palavras, ao se expressar em
relação à sua negativa ao medo. Observa-se que tanto quanto o medo de altura,
muitos temem cair em contradição com suas próprias palavras, para não expor o
sujeito numa fraqueza pessoal. Porém dos 21 que responderam a primeira
pergunta, 7 assinalaram que sua maior dificuldade é ter medo, preferindo
encarar a realidade da contradição à continuar com angústia de responder com a
inverdade. Os demais apresentaram respostas contraditórias: “administrar as
sensações”, “entender o fator altura”, que remetem a busca da razão, para
sustentar sua coragem, ou “força nos braços”, “resistência física”, que são
aspectos físicos não relevantes nesta prática, ou ainda “subir no drop” que é ficar em pé sobre a fita, ou
seja, o próprio desafio do slackline.
As respostas são tentativas de aliviar o medo, procurando outras formas de
expressá-lo. Surgiram novas incongruências quando responderam sobre a
respiração: “travada”, “agitada”, “contraindo o abdômen”, “tensa”, “com a
boca”, aqui a mente tenta omitir o medo e o corpo denuncia a insegurança. Por
fim, somente 5 pessoas ofereceram respostas coerentes em relação ao medo, às 3
perguntas, como: “medo” – “atravessar grandes distâncias” – “tranquilo”. Estes
sujeitos apresentam mais de 17 meses de prática, e são do sexo masculino. Apreende-se
disto que ter experiência é fator relevante para a prática do highline, pois o controle do medo é
essencial para o sucesso, e que ser homem pressiona o sujeito no sentido de
afirmar-se corajoso, mesmo enganando a si mesmo. A grande coragem aqui é dizer
que tem medo.
Palavras
chave: slackline, highline, medo.
Outros
respondentes procuravam justificar sua ausência de medo, alguns buscando na
racionalidade de entender e administrar a situação vivida, e outros preferiram
apontar questões físicas e técnicas como dificuldade, não encarando o medo de
frente.
Quando
se confrontou a primeira pergunta com a segunda 6 sujeitos caíram em
contradição apontando que tem medo. 3 sujeitos buscaram respostas na
racionalidade como administrar, adaptar e entender a situação da altura. Por
fim, os demais 11 apontam motivos físicos e psicológicos distintos como a
resistência física, a distância a ser percorrida, o controle corporal, ou o
drop, que é subir na fita e manter-se em pé na mesma como obstáculo. A
comparação da primeira com a segunda pergunta trouxe as seguintes relações: 8
deles assinalaram algum problema como ofegante, travada, tensa, e “quase não
respiro”. Caso não tivessem medo não tinham porque sentir desconforto ao
respirar, como apareceu nas respostas. 12 pessoas falaram que a sentem
tranquila e com controle sobre a respiração. 1 deles disse que respira pela
boca, quase uma resposta pela tangente. Destes 12 que apresentam boa confiança
na respiração,
Conclusão
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Palavras
chave: slackline, highline, medo